Rudemente, a porta foi aberta, revelando o jovem morador do apartamento que apenas usava um calção azul marinho. A expressão cínica dele era gritante. Os cabelos pretos desarrumados davam a impressão de desleixo, a franja mal cortada caía desalinhada sobre seu olho esquerdo, de uma cor azul safira brilhante. A palidez e os traços não muito marcantes davam-lhe um ar de esperteza. Os lábios finos comprimiram-se, recebendo a boca de uma garrafa de cerveja barata.
- Você é o cara que falou com Lincon Cassidy? – A bela arqueóloga perguntou sem rodeios, não se sentindo intimidada pelo olhar penetrante que ele havia lançado.
O rapaz parou, encostando-se no batente da porta marrom-escura. – Você é tira? – E bebeu mais um longo e demorado gole de cerveja.
- Quer que eu seja? – A inglesa mordeu a parte interna do lábio. – Vai me deixar entrar?
O moreno se afastou, dando espaço para a desconhecida passar, indicando-lhe a cozinha. Mary passou rapidamente pela sala, vendo algumas peças de roupas jogadas de qualquer jeito por cima do sofá de couro marrom. Sentiu seu salto fazer um barulho engraçado naquele piso de madeira. A arqueóloga parou na cozinha, puxando uma cadeira de madeira que estava mais próxima. – Qual seu envolvimento com o Cassidy? – E cruzou as longas pernas.
Ele coçou a nuca, desviando o olhar para a janela. – Lincon não é o nome verdadeiro. É um pseudônimo. Mas não me olhe assim. – Tratou de se explicar quando viu que a morena estava pronta para jogar uma pergunta. – Eu não sei o nome dele.
A arqueóloga arqueou as sobrancelhas o mais alto possível. – Quem sabe? – E observou o jovem ir até uma mesa onde ficava o telefone, puxando uma simples agenda bege, abrindo-a onde havia uma fitinha prateada marcando uma página cheia de telefones e nomes escritos. O moreno passou o dedo indicador pela folha branca, parando em um dos últimos nomes da lista. Logo em seguida, puxou um papel e uma caneta, anotando um telefone e endereço. – Aqui. Devia ir até o Harvelle’s. – E entregou-lhe o papel branco.
- E o que seria isso? – E abaixou os olhos, lendo o que o rapaz havia escrito. Tinha uma letra miudinha e fácil de entender.
- Um bar de... Pessoas que... – E parou, procurando por um termo. – Caçadores. – E fechou a agenda, colocando-a de volta na mesa.
Mary se levantou, indo na direção dele. – Obrigada. – E sorriu de lado, caminhando lentamente até a porta, abrindo-a delicadamente e, segundos depois, fechando-a com uma batida leve.
O barulho do salto alto de Mary ainda ecoava sonoramente na mente de Wes, que olhava a porta com uma expressão quase cômica de tão confusa. Levou a garrafa de cerveja aos finos e rosados lábios, bebendo o restante que havia lá dentro em um único gole.
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