- Com licença, Ed? - Ela disse timidamente, juntando as mãos.
Um homem baixo, carrancudo meio calvo levantou a cabeça ao ouvir o nome. Tinha olhos acinzentados, barba por fazer, uns cinqüenta anos no mínimo, pensou ela observando-o de cima abaixo. Usava uma daquelas roupas de mecânico coberto de pontos pretos de gracha. - Sim?
- Oh, eu sou jornalista e estava pesquisando sobre dois incêndios que aconteceram aqui em Lawrence. Os Winchesters, se não me engano... - Disse ela num tom convincente de quem estava em dúvida. Ed limpou as mãos em um pano branco e encostou o cotovelo no balcão, fitando-a pensativo. - Sim, eu estava lá. Em ambos, nunca tinha visto uma coisa como aquela em toda a minha vida, falando sério. Uma coisa terrível, que infelizmente destruiu uma família.
A agente cruzou os braços, ouvindo atentamente.
- Mas uma coisa eu digo. Muita gente, quando o John Winchester aparecia aqui depois daquele acidente, olhava feio para o cara só porque ele tinha dormido com uma outra mulher e tido uma filha. Agora, sobre os filhos dele... Eram duas crianças muito legais. O menino mais velho, Dean, vivia subindo no caminhão aqui e mexendo no volante. O bebê era a criança mais quieta que eu já tinha visto.
Jill mordeu o lábio inferior, pensando no caçula. – Bem, obrigada pelo seu tempo... – A loura agradeceu com um sorriso, indo embora. Sorriu de lado para o bombeiro, que retribuiu sorrindo radiante.
Tudo bem, pensou a agente imediatamente sentando-se em um banco de uma pracinha. Tinha que melhorar sua técnica, tentar uma abordagem diferente das anteriores. Primeiro tentara conversar com as pessoas que estavam lá. Não ajudara em absolutamente nada. A loira bufou, pensando... Qual seria a melhor abordagem? E então a ideia caiu como uma luva: uma vidente. Sim, não era nada original, mas não vira uma opção melhor.
A agente caminhou rapidamente até uma cabine telefônica, pegando a grossa lista telefônica, indo diretamente na parte dos videntes. Procurava por alguém que não fosse um imbecil de primeira linha que acha que sabe das coisas quando na verdade não sabe nem mesmo o nome inteiro da mãe. Foi quando encontrara um nome familiar: Missouri Mosley. Onde tinha visto esse nome? Não conseguia lembrar, mas não se importou, pegando o endereço pelo GPS, saindo da cabine telefônica com pressa.
Assim que chegara, notou que o lugar não era muito movimentado, uma ou duas pessoas no mínimo passavam pela estreita rua. Foi indo vagarosamente até parar no número do lugar onde a vidente trabalhava. Era uma casa, só que era extremamente zen, ou foi que a agente pensou assim que abriu a porta, sentindo um cheiro de incenso, hortelã e cigarro. Foi indo tranquila até que chegara no lugar que aparentemente era a sala de espera. Sentou-se no sofá de couro marrom, pegando a primeira revista, folheando-a sem interesse.
- Não se preocupe, sua esposa é louca por você. – Uma voz feminina e meio rouca ecoou pela pequena sala. Uma mulher baixa de uns quarenta anos, negra, com o cabelo preso no topo de sua cabeça de roupas em um tom alaranjado. – Coitado, mal sabe ele que a esposa o está traindo com um menino de vinte anos.
- Por quê não contou a ele? – Perguntou a agente curiosa.
- As pessoas vêm aqui para ouvir coisas boas. Bem, senhorita Jill, vamos não tenho o dia todo. – Resmungou a vidente para a loira, que ficara surpresa e a seguira até uma sala que cheirava fortemente a hortelã.
- Bem, você veio aqui para saber sobre os Winchesters, estou certa? – Indagou Missouri amassando um papel de bala de hortelã.
- Sim. – Respondeu a moça, estranhando. – Como sabe de tudo isso?
- Você estava pensando em tudo isso agora, minha querida. – Rebateu Missouri. – Bem, você procurou informações com os vizinhos e o Corpo de Bombeiros e absolutamente nada, correto? E agora, veio buscar uma opinião que, segundo seus próprios princípios, seria inútil, mas aqui está você.
A loira piscou algumas vezes, para ter certeza de que estava acordada. Comprimiu os lábios, juntando as mãos no colo. – Bem, você está certa em tudo. – Comentou ela. Missouri sorriu indiferente, fitando a jovem. – E então? O que eu preciso saber sobre os Winchesters? – A loira perguntou depois de um breve momento.
- Bem, - Disse a vidente num tom pensativo. – Aquilo que aconteceu naquelas casas não foi algo do acaso como todos lhe contaram, Jill. Algo maligno passou por ambas as casas, e foi exatamente a mesma coisa. A pior parte... – A vidente gaguejou. – Foi nunca mais conseguir falar com aquelas três crianças perdidas.
- Deixe-me ver se entendi. O incêndio que aconteceu nas casas foi feito por alguma coisa? Tipo o quê? – A agente não estava conseguindo processar a informação.
- Era um demônio. Uma das criaturas mais horríveis que já senti em toda minha vida. – Comentou a vidente. Seus olhos tinham uma ponta de medo e receio.
- Mas por quê? – Insistiu a loira.
- É um jogo de azar, minha cara. Acredite, quanto menos vocÊ souber é melhor. Não coloque sua vida em risco. – Aconselhou a vidente. – Venha, vou leva-la até a porta.
A loira decidiu parar de fazer perguntas, tirando suas próprias conclusões quanto ao Winchesters. Despediu-se de Missouri e foi até seu carro que estava estacionado no meio fio da calçada vazia. A agente entrou no carro e trancou a porta, encostando a cabeça no banco do motorista, ligando o rádio, a primeira coisa que ouvira foi uma música da Lady Gaga, Poker Face. A loira batia dos dedos no volante, prestando atenção na batida da música.
Adoro Lady Gaga
ResponderExcluir